ElectroStars: Margarida Cavaleiro
Nesta edição da rubrica ElectroStars entrevistámos Margarida Cavaleiro, aluna do Mestrado em Engenharia e Gestão de Energia.
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Margarida Cavaleiro, aluna do 2.º ano do Mestrado em Engenharia e Gestão de Energia (MEGE) e vencedora da bolsa de estudo “Women in Energy MSc”, promovida pela TagEnergy, partilhou um pouco do seu percurso no âmbito da rubrica ElectroStars, do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores.
Embora o seu objetivo académico tenha começado pela medicina, Margarida ingressou na Licenciatura em Energias Renováveis na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o seu interesse pela área cresceu, candidatando-se, posteriormente, ao Mestrado em Engenharia e Gestão de Energia, no Técnico.
Apercebi-me de que gostava mais da ideia de ter impacto na vida de alguém do que da medicina em si.
Margarida Cavaleiro, aluna de MEGE
A vertente económica do mestrado foi a principal razão para a estudante se candidatar ao Técnico. Conhecendo o nível de exigência da escola, decidiu arriscar e sair da sua zona de conforto, ingressando no segundo ciclo de estudos como trabalhadora-estudante. Gerir o trabalho e os estudos sem diminuir o seu aproveitamento académico constituiu um desafio na sua vida e acredita que poderá ter sido um dos fatores de destaque para ter sido escolhida pela TagEnergy, aliada ao facto de ter um estágio na área, através da Hyperion, uma empresa de energias renováveis. Durante o seu período na empresa, percebeu que os alunos são efetivamente valorizados quando transitam para a vida profissional: "Vi que eles procuravam muita gente do Técnico", afirma.
Ao entrar no MEGE, a estudante refere que teve a oportunidade não só de adquirir uma visão abrangente das energias renováveis (hídrica, geotérmica, eólica e solar) como também a capacidade de olhar para os projetos como um investimento, algo que considera essencial no mercado de trabalho. Neste sentido, destaca as unidades curriculares de Economia e Mercados de Energia, e de Energias Renováveis e Produção Descentralizada, lecionadas por Rui Castro, realçando a relevância da experiência do docente e do seu conhecimento a nível dos projetos e dificuldades no mercado português.
[As aulas do professor Rui Castro] ajudam muito as pessoas da minha área a terem uma visão não só da matéria, mas também de como está tudo inserido na vida real, o que, às vezes, é algo que muitas pessoas têm dificuldade de perceber.
Margarida Cavaleiro, aluna de MEGE
Ao longo do seu percurso universitário e do estágio, Margarida destaca o contacto com os problemas relacionados com a transição energética, algo que lhe deu confiança para a entrevista realizada com a TagEnergy, no âmbito da sua candidatura. Realça que a bolsa desempenha um papel importante no reconhecimento de alunas através do seu mérito, independentemente da sua situação financeira. Reforça que este fator é bastante positivo e que contribui para o seu aproveitamento académico, uma vez que, ao não ter de conciliar um emprego com os estudos, tem mais tempo para realizar a pesquisa e organizar possíveis ideias para a sua dissertação.
Por outro lado, acredita que a bolsa apoia a integração de mulheres na engenharia, um setor com predominância masculina: "É bom sabermos que não estamos sozinhas", afirma. A estudante destaca que, por vezes, ainda existe algum preconceito, e que as ideias das mulheres por vezes não são inicialmente valorizadas, independentemente das suas competências.
É bastante intimidante estar num meio em que sabes que és efetivamente uma minoria e que tens de te destacar e fazer com que as pessoas te levem a sério. É difícil, tens de respirar fundo. Eu tenho de pensar que sou competente e capaz de provar que mereço estar aqui.
Margarida Cavaleiro, aluna de MEGE
Quando questionada sobre o que significa para si ser aluna do Técnico, Margarida realça a capacidade de resiliência e a a vontade de descobrir como ultrapassar desafios, destacando que os estudantes aprendem que todos os problemas têm solução, variando apenas o tempo necessário para a resolução dos mesmos: "Para mim, ser aluna do Técnico é ter uma visão diferente do mundo. (...) O melhor que podes tirar daqui é o que ficas como pessoa".
Atualmente, a estudante gostaria que a sua dissertação de mestrado incidisse sobre um modelo híbrido, que contemple a junção de diferentes fontes de energia renovável, que forneçam energia à rede elétrica nacional, tornando-a mais sustentável. A ideia inclui também o armazenamento de energia através de baterias*.
A nível profissional, Margarida gostaria de trabalhar num projeto que venda energia para a rede elétrica nacional, uma vez que já tem experiência nesta área. No entanto, tem também interesse na gestão de energia em empresas ou edifícios que tenham interesse na transição energética, através de uma gestão auto-sustentável – por exemplo, uma empresa, com um edifício próprio cuja fonte de energia sejam apenas painéis solares, não dependendo da rede elétrica nacional. Acredita que um dos principais desafios na utilização de energias renováveis, a nível privado, é o custo das baterias, algo que gostaria de combater através da criação de uma solução que incluísse a reutilização das baterias dos veículos elétricos, após o fim de vida útil dos mesmos.
*as baterias são utilizadas para armazenar energia que pode ser utilizada em momentos em que não seja possível a utilização dos recursos referidos. Por exemplo: armazenamento de energia obtida através de painéis solares para utilização durante o período noturno.