Professor Mário Figueiredo participa no debate sobre Inteligência Artificial nos PhD Open Days
O segundo dia da 10.ª edição do PhD Open Days iniciou-se com o debate Round Table: "Research in Artificial Intelligence: prospects, opportunities, and caveats". Contou com a presença dos professores Mário Figueiredo, do DEEC, Arlindo Oliveira e Chrysoula Zerva (ambos do DEI) e foi moderado por Sara Sá.
Mário Figueiredo começou por destacar a atividade da inteligência artificial no algoritmo nas redes sociais, como o Instagram, o Facebook e o X, algo com grande impacto em diversas áreas da sociedade como, por exemplo, nas eleições políticas, realçando a importância da investigação sobre a mesma, assim como em machine learning.
Nos últimos 20, 30 anos tem sido uma onda onde os EUA são dominantes, mas isso não significa que será sempre assim.
Professor Mário Figueiredo
Quando questionado sobre o que será possível ser feito em relação ao facto de nenhuma das empresas referidas no debate ser europeia, como, por exemplo, a Meta, e de que forma este pode ser considerado um problema, o professor começou por sublinhar que os Estados Unidos têm um forte ambiente académico, inclusivamente por razões históricas, assim como uma grande população, relativamente homogénea culturalmente, comparando com as diferenças culturais entre os países europeus. Por outro lado, o investimento em ciência e tecnologia também é distinto na europa e nos EUA, algo evidente no caso das startups. No entanto, embora a indústrias americana não tenha a mesma escala que a europeia, afirma que nos países do nosso continente, nomeadamente em Portugal, existem atualmente empresas de elevada relevância em áreas específicas, realçando que a dimensão não é o único fator importante no desenvolvimento e investigação.
Mário Figueiredo destacou que o Técnico prepara os alunos para o mercado internacional, algo que é demonstrado pelo facto de muitos alumni de mestrado começarem a trabalhar noutros países após a finalização do ciclo de estudos. Também referiu que Portugal é um país atrativo para a criação de startups, tendo uma boa estrutura de telecomunicações.
Relativamente às procupações associadas à inteligência artificial, o professor salientou a apreensão geral da sociedade associada à possibilidade da AI poder produzir artigos científicos, textos escolares e outros conteúdos, descrevendo a mesma como um "sintoma" da pressão que existe sobre os investigadores para a publicação de trabalhos. Destacou também a crescente necessidade de se conhecer os alunos e de saber se estão a adquirir conhecimento.
No que diz respeito à regulação da IA em ambiente escolar, o professor referiu que depende do contexto, concordando que a mesma deve existir em relação à exposição às redes sociais. Afirma que deve ser aplicada de forma uniforme, uma vez que se a exposição for limitada apenas a algumas crianças poderá ter um resultado negativo, criando deseigualdade entre as mesmas. No entanto, acredita que os mais novos podem ser utilizadores de recursos como o ChatGPT desde que as ferramentas sejam desenhadas para esta faixa etária, uma vez que devem ser familiarizados com algo com que trabalharão no futuro. No entanto, o contacto e aprendizagem devem ser feitos cuidadosamente, tal como a exposição geral das crianças a qualquer tipo de informação.
Como um todo, acho que a IA é algo positivo para a humanidade, até mesmo igualador.
Professor Mário Figueiredo
O debate terminou com a questão se a Inteligência Artificial é uma ferramenta que contribui para o aumento ou diminuição das desigualdades sociais. Mário Figueiredo considera que se trata de um recurso benéfico, na sua generalidade, sendo inclusivamente uma ferramenta equalizadora no acesso à informação e ao conhecimento. Realçou novamente a possibilidade da sua utilização em diversas áreas da sociedade, tais como no acesso a métodos de pagamento, na agricultura, no setor comercial e nos cuidados de saúde. Em contrapartida, apontou que também pode ser gerada uma maior desigualdade uma vez que pode reforçar as diferenças económicas já existentes: um aluno de uma família com menores salários poderá ter um rendimento escolar limitado pela restrição das ferramentas utilizadas de forma gratuita em relação a um estudante cuja família tem a capacidade de pagar por mais funcionalidades do mesmo recurso.
Desta forma, a utilização da inteligência artificial pode ser considerada uma questão complexa, com diversos contextos e tipos de utlização, estando em constante desenvolvimento.
Fotografia: Daniela Leonardo