N3E: um núcleo que promove a eletrónica para todos

O N3E - Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrónica - é especializado no desenvolvimento de atividades focadas na eletrónica. Sendo constituído por alunos desde a licenciatura até ao mestrado, trata-se de um espaço dedicado ao desenvolvimento de protótipos e de workshops que promovem a passagem de conhecimento, não só entre membros do núcleo como também para toda a comunidade académica e para jovens do ensino básico e secundário.

Em entrevista ao DEEC, Manuel Vaz, presidente do N3E, Francisco Jesus, antigo vice-presidente, e Rodrigo Caldeira, atual membro do núcleo, falaram um pouco sobre a dinâmica do núcleo, partilhando o seu testemunho como estudantes da Licenciatura em Engenharia Eletrónica (LEE).

A engenharia eletrónica, no mundo em que vivemos, está integrada em tudo, permitindo-me escolher [o meu percurso profissional incluindo] uma extensa lista de áreas, desde robótica, design de processadores, processamento, micro e nano tecnologias ... entre muitos outros.

Manuel Vaz, presidente do N3E e aluno do 3.º ano da LEE

Manuel Vaz ingressou em engenharia eletrónica por partilhar o interesse pela construção autónoma de protótipos e afirma que "foi o curso que demonstrou que ganharia o maior número de competências transversais de vastas áreas". Entrou para o núcleo pela vontade de integrar atividades extracurriculares que colocassem em prática os conhecimentos da área e pelo facto do N3E participar anualmente no Festival Nacional de Robótica, onde apresenta 3 robôs, desenvolvidos totalmente por alunos, em categorias da competição. Este ano, o N3E levou o WackyRacer_N3E, o Mater_N3E e a Empilhadora_N3E ao festival, decorrido na Madeira. Mas em quais são os objetivos destes protótipos?

Começando pela categoria dragster, o WackyRacer_N3E é um robô que tem como objetivo atingir a máxima velocidade em linha reta, sem se desviar de uma trajetória previamente definida.

WackyRacer_N3E, FNR 2025

O segundo protótipo, o Robot@Factory Lite, simula a logística de uma fábrica: o robô circula por um caminho também previamente definido, através do desenho de linhas no chão, procurando as cargas, apanhando-as e deixando-as no local pretendido. Ao contrário do anterior, este protótipo possui a capacidade de rodar noventa graus, adaptando o seu percurso ao trajeto mais rápido para chegar do ponto A ao ponto B. Uma das novidades, desenvolvidas pelo N3E foi a possibilidade de o robô adaptar a sua trajetória a qualquer percurso onde existam linhas desenhadas no chão, algo que apresenta uma grande relevância para a indústria, neste ambiente.

Mater_N3E,FNR 2025

A Empilhadora_N3E participou na categoria Robot@Factory 4.0 , que tem um objetivo semelhante à prova anterior mas com a diferença de que o robô se desloca guiado por ArUco markers - marcadores semelhantes a códigos QR, colocados no chão.

Empilhadora_N3E, FNR 2025

Francisco Jesus, aluno de 3.º ano da LEE, participou no Festival Nacional de Robótica no seu 2.º ano do curso e, além dos protótipos desenvolvidos para a competição, tem também trabalhado em projetos pessoais, com o apoio do núcleo. Entrou para esta licenciatura pois "tinha uma boa noção da crescente importância da eletrónica na revolução tecnológica do século XXI, como é o caso da robótica e da indústria aeroespacial e automóvel, incluindo os sistemas autónomo" e sublinha que os engenheiros eletrónicos têm um forte papel no desenvolvimento das tecnologias necessárias para as aplicações da "inteligência artificial, os dispositivos inteligente e as telecomunicações ultra-rápidas que suportam a comunicação entre todo o mundo".

Relembra que entrou para o N3E por incentivo do seu mentor, do 1.º ano, de forma a aumentar os seus conhecimentos na área, e, hoje, destaca também espírito de entreajuda vivido no núcleo.

Rapidamente me apercebi de que estava próximo de pessoas extremamente prestáveis e inteligentes, mostrando-se sempre disponíveis para ajudar com qualquer dúvida que tivesse e para me incentivarem a me envolver nos projetos do núcleo.

Francisco Jesus, estudante de LEE e membro do N3E

Por outro lado, Rodrigo Caldeira, também estudante de 3.º ano, destaca que, entrou para o núcleo motivado não só pelo contacto com protótipos como também pela organização de workshops e outros projetos, integrando a direção dos mesmos.

Entre os workshops desenvolvidos para os estudantes universitários, os alunos ensinam não só conceitos teóricos, sobre componentes eletrónicos, como também incentivam a vertente prática, como a soldadura de PCB (Printed Circuit Boards) - Placas de Circuito Impresso - que são um suporte físico para os circuitos eletrónicos e que conectam componentes como resistências e transístores, sendo utilizadas em diferentes tipos de equipamentos. Por outro lado, além de aprofundar os conhecimentos em sistemas embebidos e eletrónica, o núcleo também se foca na formação em programação, realizando workshops sobre Pyton e GITHub - uma plataforma online de hospedagem de código-fonte, usada para compartilhar projetos.

Em relação aos mais novos, o núcleo tem recentemente levado a várias escolas do concelho de Oeiras worshops sobre modelação e impressão 3D e montagem de circuitos simples, estando também integrados no projeto Smart City, que consiste na criação de uma maquete de uma cidade com recurso a equipamentos inteligentes.

Quando questionado sobre os maiores desafios enquanto estudante e membro do núcleo, Rodrigo Caldeira destaca a gestão entre a vida académica e as atividades extracurriculares, sublinhando que, embora por vezes exista uma certa dificuldade inerente, não invalida um bom rendimento escolar.

Deparei-me no entanto com algumas dificuldades, desde a exigência do IST à necessidade de organizar as várias facetas da minha vida: estudos, socialização, participação no N3E e outras atividades extracurriculares. Ainda assim, fui capaz de atingir o sucesso que pretendia, aprendendo imenso pelo caminho.

Rodrigo Caldeira, estudante de LEE e membro do N3E

Após concluírem os estudos, Manuel Vaz, Francisco Jesus e Rodrigo Caldeira esperam trabalhar na sua área de formação, contribuindo para a criação de novas tecnologias e soluções para os desafios emergentes associados. Manuel vê-se a trabalhar como um ASIC - Aplication Specific Integrated Circuit (Circuito Integrado de Aplicação Específica) designer, tendo como objetivo projetar circuitos com funções definidas. Já Rodrigo Caldeira partilha o gosto por design de hardware e sistemas embebidos. Por último, Francisco Jesus gostaria de conhecer melhor a indústria, adquirindo experiência desde o ambiente de start-up à vertente multinacional, tendo ainda interesse em criar também a sua própria empresa.

Para quem tiver oportunidade de ler os vários testemunhos, acreditem, eletrónica é e durante um longo futuro continuará a ser, uma área em crescimento onde a inovação e a tecnologia de ponta é a realidade do dia-a-dia.

Francisco Jesus, estudante de LEE e membro do N3E

Fotos: N3E

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