Cristina Fonseca na Web Summit: “Enquanto empreendedora gosto de passar tempo com fundadores que são inteligentes, ambiciosos e que acreditam ter encontrado soluções de ponta para grandes problemas”

A cofundadora da Talkdesk e antiga aluna do Mestrado em Engenharia de Telecomunicações e Informática, passou nos últimos anos de empreendedora para investidora, e protagonizou um dos momentos mais apetecíveis deste segundo dia do Web Summit.

A partida para a maratona de intervenções de alumni do Técnico esta quinta-feira, 3 de dezembro, nos palcos virtuais da Web Summit, seria dada por Cristina Fonseca numa entrevista conduzida por Filipe Avillez que cativou a audiência do canal Portugal.  O tamanho do mercado português que incita, desde o primeiro dia de uma startup, o desenho de uma estratégia global  e o talento nacional são dois fatores que, na opinião da cofundadora da Talkdesk, justificam a existência de três unicórnios com carimbo português. Este seria o tópico inicial de uma conversa que foi apetecível desde o primeiro minuto. “Em relação a Portugal e ao setor da tecnologia, diria que temos imenso talento, que é o que é preciso e é um dos elementos fundamentais para criar empresas de tecnologia de sucesso”, começou por referir Cristina Fonseca,  cofundadora e sócia investidora na empresa de capital de risco Indico Capital Partners.

A importância de ter bons investidores, a mudança na mentalidade portuguesa face ao empreendedorismo e o papel que a cimeira tecnológica teve nesta transformação foram alguns dos assuntos abordados pela cofundadora da Talkdesk. “Há dez anos, em Portugal, ninguém percebia o que era um empreendedor, mas isso mudou muito e sem dúvida que a Web Summit contribuiu muito para isso”, referiu a alumna que defendeu que “nos próximos anos as grandes oportunidades serão na Europa”. “Apesar de algumas destas empresas de sucesso terem sido criadas nos EUA, ou estarem lá baseadas, muitas foram criadas por fundadores europeus e a maioria desses fundadores estão a regressar à Europa e a fixarem-se cá. Agora, sabem como é que o jogo funciona, sabem o que é preciso, têm as redes de conhecimentos e sabem como angariar investimento”, apontava Cristina Fonseca.

Confessando que não contava tornar-se investidora tão cedo na sua carreira, e admitindo que “pensava que ainda tinha muitos anos pela frente e que, talvez, devesse criar outra empresa”, Cristina Fonseca assumia que a determinava altura percebeu que também pode ter um papel impactante do lado dos investidores. “Nós criámos o primeiro fundo profissional e independente em Portugal. Para os empreendedores, ter acesso a capital português pode fazer a diferença”, afirmou. “Em simultâneo, enquanto empreendedora eu gosto de passar tempo com fundadores que são inteligentes, ambiciosos e que acreditam ter encontrado soluções de ponta para grandes problemas”, dizia com um sorriso no rosto que confirmava isso mesmo.

Após explicar a forma como o retorno do investimento tem que se processar para valer verdadeiramente a pena, seria altura de a antiga aluna partilhar a sua visão otimista sobre a forma como se pode contornar a tempestade, neste caso a crise que se avizinha, criando oportunidades de negócio. “Penso que, como hoje em dia, há tantos problemas que a tecnologia está a resolver, e há tantas oportunidades para explorar. A nossa vida está a mudar fundamentalmente, a forma como vamos à escola, a forma como consumimos conteúdos, a forma como trabalhamos, como todos estes setores estão a ser fundamentalmente transformados. Por isso penso que tempos de crise podem ser uma boa altura para iniciar uma empresa”, vincou. “Basta olhar em volta, pensar nos problemas que ainda estão por resolver”, adicionou.

Quando o jornalista a incitou a dar conselhos aos que lhe querem seguir as pisadas, Cristina Fonseca não hesitou em salientar o quão “gratificante” é o mundo do empreendedorismo, permitindo conhecer pessoas espantosas, e ter o “prazer de escolher com quem quer trabalhar”.  “A equipa é a coisa mais importante”, apontou, realçando também a importância de procurar os “investidores certos”. ” Os fundadores não se podem limitar a aceitar o primeiro dinheiro que lhe surge à frente. Esse é um dos maiores erros que podem cometer: ter os parceiros errados a bordo”, frisou.

Lembrando a lição que a levou a sair das operações diárias da Talkdesk, a empresária terminaria realçando a importância de ter uma vida equilibrada e  de cuidarmos de nós mesmos.

Para além deste momento, os participantes do evento certamente já “esbarraram” na  simpatia da alumna do Técnico como jurada do pitch de startups finalistas que competem pelo prémio final da Web Summit.

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