Jornadas do Técnico 2025: Inteligência artificial na investigação e no ensino

No passado dia 18 decorreram vários painéis centrados no tema “O Amanhã no Técnico", no âmbito das Jornadas do Técnico 2025. A 1.ª sessão da manhã, "Inteligência Artificial na Investigação e no Ensino", contou com a participação de Sérgio Pequito, Vice Presidente da Investigação, Desenvolvimento e Relações Externas do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e investigador no Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), de Jorge Marques, estudante da Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (LEEC) e membro da Comissão Executiva do Conselho Pedagógico, de Arlindo Oliveira e de Carlos Santos Silva, ambos docentes do Técnico. O debate foi moderado por Pedro Lima, docente do DEEC e investigador no ISR.

A sessão teve início com a intervenção de Carlos Santos Silva, que apresentou o Guia de Utilização da Inteligência Artificial no Técnico, que irá estar brevemente disponível. O objetivo deste guia é responder às principais perguntas, dos membros da comunidade académica, sobre as aplicações da IA no ensino e na investigação, abordando o nível de utilização permitido pelos docentes nas unidades curriculares. Este documento será revisto periodicamente, de forma a manter-se atualizado ao longo do tempo.

Leonor Costa, Pedro Lima e Jorge Marques, da esquerda para a direita respetivamente

De seguida, Pedro Lima começou por questionar qual o impacto da inteligência artificial no ensino, na perspetiva dos oradores. Jorge Marques respondeu à pergunta, destacando a crescente necessidade de adaptação a uma realidade emergente. “Há sempre uma grande resistência a mudança (...) e no ensino não será diferente", afirmou, realçando a importância do espírito crítico, por parte dos estudantes. Por outro lado destacou o papel dos docentes, na adaptação do ensino às novas tecnologias.

Sérgio Pequito partilhou uma perpetiva "mais otimista", distinguindo as aplicações no ensino universitário em relação aos restantes graus académicos. "Acho que, para os professores, será uma mais valia ter estas ferramentas", afirmou, sublinhando a possibilidade de os docentes realizarem a "curadoria da parte do conhecimento" que pretendem que os alunos aprendam, utilizando a IA de acordo com as necessidades. O professor destacou a possibilidade da mesma contribuir positivamente para a avaliação formativa dos alunos, preenchendo algumas lacunas existentes, aliada à melhoria da qualidade do ensino. Como exemplo, referiu a utilização deste recurso para a criação de respostas erradas, destinadas ao debate com os alunos: "Obriga os alunos a colaborarem e a desenvolverem o sentido crítico". Por outro lado, reconheceu também a oportunidade de democratização do ensino, devido à maior acessibilidade das ferramentas por parte de estudantes de diferentes contextos sociais.

Após o tema do ensino, Pedro Lima questionou os oradores em relação à vertente de investigação. Jorge Marques destacou que existem semelhanças com as aplicações no ensino, referindo a "facilidade com que conseguimos estruturas ideias, produzir resumos" e a otimização no tratamento de dados, realçando também o risco de erro do sistema. Na sua ótica, esta utilização contribui para o aceleramento do desenvolvimento tecnológico mas não substitui o papel do ser humano.

Arlindo Oliveira e Sérgio Pequito, da esquerda para a direita, respetivamente

Já o Vice Presidente da Investigação, Desenvolvimento e Relações Externas destacou a possibilidade do recurso a IA para a revisão de artigos científicos, visando reflexão sobre os erros dos mesmos. Referiu ainda a vantagem da utilização destas ferramentas para a formulação de questões-chave para projetos, frisando novamente a democratização dos sistemas: existe um desequilíbrio entre países, como Portugal e os Estados Unidos, devido à disponibilidade de diferentes recursos, humanos e financeiros, algo que pode ser colmatado com estes sistemas.

O investigador sublinhou também a importância da forma como o conhecimento é não só procurado como também assimilado, devendo ser algo de reflexão no futuro.

A sessão contou ainda com questões levantadas por membros da audiência, abordando temas como aplicação da IA em áreas como a química, incluindo necessidade de criar soluções que conectem o mundo físico com o digital nas diferentes áreas de ensino. A conversa terminou com o debate sobre os desafios de ética, nomeadamente na elaboração de trabalhos académicos e na distinção entre fraude e o incumprimento de objetivos de aprendizagem e na necessidade de dar ao conhecer aos estudantes os contextos em que a utilização dos diferentes recursos é permitida.

Tópicos: