Jornadas do Técnico 2025: Modelos de Ensino do Técnico

A tarde de terça-feira teve início com a sessão "Modelos de Ensino do Técnico", promovida no âmbito das Jornadas do Técnico 2025. A conversa foi moderada por Mário Figueiredo, docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e investigador no Instituto de Telecomunicações (IT), e contou com a participação de Catarina Bernardo, aluna do doutoramento em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, de Manuel Maio, estudante do mestrado do mesmo curso, Vicente Cid Lage Morais, membro do Conselho Pedagógico, Jorge Buesco, professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Nuno Nunes, docente do Técnico.

Após uma reflexão sobre os inquéritos dedicados ao ensino, foram colocadas várias questões sobre o tema aos oradores.

Ana Galvão, Vicente Cid Lage Morais, Mário Figueiredo, Jorge Buesco e Nuno Nunes, da esquerda para a direita respetivamente

Mário Figueiredo presidiu a Comissão de Avaliação de Eficiência Formativa (CAEF) do 1.º ciclo do Técnico, que foi responsável pela elaboração de um relatório sobre a experiência académica dos estudantes. Este relatório envolveu vários parâmetros, entre eles a organização temporal, o desempenho e questões culturais, os temas que serviram de mote para a sessão.

O professor começou por fazer referência às palavras de Luís Caldas de Oliveira, num artigo partilhado pelo jornal i: «A frase de que “A educação não é o enchimento de um balde, mas o acender de uma chama”, atribuída por alguns autores a William Butler Yeats, exprime bem o que pretendemos com o processo educativo. No entanto, observamos que os estudantes do ensino superior parecem estar cada vez mais focados em encher o balde com uma boa nota do que na chama resultante da aprendizagem. (...)» Ao longo deste artigo, Luís Caldas de Oliveira destaca a importância da motivação intrínseca ao processo de aprendizagem, numa época em que a utilização de ferramentas de inteligência artificial cresce, sublinhando não só o lado do aluno como também do docente.

Importa mudar a narrativa: não se trata de “não fazer batota”, mas de não se enganar a si mesmo.

Luís Caldas de Oliveira, docente do DEEC, jornal i

Dando início ao 1.º tema de debate, Mário Figueiredo realçou o facto de os dados apresentados no relatório terem demonstrado a tendência para o foco excessivo na avaliação. Por este motivo, questionou os alunos presentes sobre como reagiriam se fossem avaliados com menos frequência. Manuel Maio começou por reforçar que a avaliação contínua "força" o estudante a adotar métodos de estudo mais regulares, devido à definição de objetivos a curto prazo, algo que contribui fortemente para a consolidação dos conhecimentos adquiridos nas aulas. No entanto, destacou também que, por vezes, os períodos de avaliação coincidem entre várias unidades curriculares em simultâneo, o que dificulta a gestão do estudo, por parte do aluno, e que a avaliação contínua acaba por não ter qualquer peso quando os estudantes optam pelos exames de recurso.

Jorge Buesco, Nuno Nunes, Catarina Bernardo, Manuel Maio e Luís Guerreiro, da esquerda para a direita respetivamente

Já Catarina Bernardo foi estudante do Técnico antes da reformulação do modelo de ensino que, atualmente, prioriza a avaliação contínua. Desta forma, acompanhou o processo de transição, algo que exigiu uma grande mudança na gestão do estudo dos alunos, começando a existir uma maior preocupação com as datas dos momentos de avaliação em relação ao processo de aprendizagem em si. Por outro lado destacou também a necessidade de existir um maior acompanhamento dos alunos, por parte dos docentes.

Tendo em conta as respostas apresentadas, Mário Figueiredo lançou a questão de como se poderá estimular um ensino baseado na curiosidade, mudando o ponto de vista do aluno da avaliação, tendo em conta que, atualmente, o peso das notas já não tem o mesmo impacto, na transição para o mercado de trabalho, em relação a antigamente, sendo dada mais relevância às competências adquiridas pelos alunos. Manuel Maio destacou que a reformulação do ensino, tendo em conta os períodos destinados às unidades curriculares, levou à consequente re-adaptação constante dos docentes, de forma a melhorar os processos de avaliação ao longo dos anos. Por outro lado, o estudante abordou o funcionamento dos laboratórios e a vertente prática do ensino, realçando o papel das atividades extracurriculares para a obtenção de conhecimento dos estudantes.

Catarina Bernardo falou um pouco sobre a importância de os alunos adquirirem a capacidade de conectar a aprendizagem dos laboratórios à das aulas teóricas, algo fomentado pela criação de momentos de avaliação que incluem ambas as componentes. Sublinhou ainda a importância de visitas de estudo e do contacto com empresas, uma vez que os alunos acabam por ficar mais motivados ao conhecer problemas e soluções reais, com impacto na sociedade.

Jorge Buesco, Nuno Nunes, Catarina Bernardo, Manuel Maio e Luís Guerreiro, da esquerda para a direita respetivamente

A sessão contou ainda com perguntas colocadas pela audiência, abordando temas como a afluência nas aulas, os materiais e a importância do feedback dos alunos.

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