PSEM: um carro elétrico mais sustentável

O Projeto de Sustentabilidade Energética Móvel realiza anualmente a construção de um carro elétrico o mais sustentável possível. O núcleo de estudantes nasceu em 2013, visando a participação de alunos do Técnico na competição Greenpower, uma corrida cujo objetivo é completar o maior número de voltas ao longo de 1 hora, num percurso definido. Atualmente, integra estudantes de vários cursos, incluindo de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores.

Em entrevista ao DEEC, Miguel Brito e Filipe Serafim, membros do departamento de eletrónica e software, falaram um pouco sobre a história do projeto, assim como sobre a sua ligação com as áreas de engenharia eletrotécnica.

Miguel Brito, estudante do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (MEEC), realça que entrou para o referido curso por partilhar o gosto por áreas da física como o eletromagnetismo e, atualmente, frequenta a especialização em energia. Entrou para o PSEM através de alguns membros do núcleo e, em poucas palavras, resume o espírito de equipa vivido no mesmo.

O PSEM é uma pequena família que tem vindo a crescer.

Miguel Brito, estudante de MEEC e diretor do departamento de eletrónica software do PSEM

Filipe Serafim, estudante da licenciatura mesmo curso, reforça que sentiu este ambiente numa visita à oficina, algo que o motivou a juntar-se à equipa: "O PSEM foi o que me atraiu, não só pela parte de fazer carros como pelos próprios membros que fizeram o dia aberto da oficina, (...) o que eu sabia que me ia ajudar muito na integração". Desde pequena que tinha interesse na área de sistemas eletrónicos, algo que o levou a escolher a Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (LEEC) e, aliado ao seu gosto pela indústria automobilística, o departamento de eletrónica desde núcleo.

Ao longo dos últimos anos, o PSEM desenvolveu um total de 5 protótipos elétricos - o GP14, o GP17, o GP19, o GP21 e o GP23 - que estão em exibição nos campus da Alameda e Taguspark. Atualmente, o G25 está em fase de produção, estando prevista a participação na competição deste ano, na categoria que integra jovens dos 16 aos 24 anos. No ano passado, o GP23 alcançou o 1.º lugar no pódio nas provas em Aintree e Dunsfold e o 2.º lugar em Lotus Hethel.

GP23 The Champion

Mas qual será segredo para os bons resultados? Miguel realça que, ao longo da projeção e construção do veículo, é necessário ter em conta a otimização de vários parâmetros como a aerodinâmica e a eletrónica do mesmo: "é jogar com a resistividade dos cabos e com a quantidade de perdas de um circuito de potência, com os dados que conseguimos retirar do circuito e combiná-los, por exemplo, com dados de GPS, de velocidade e de temperatura".

Aprendemos a montar um sistema do início ao fim, como funciona um circuito de potência e quais são os passos para aplicar isso na vida real.

Miguel Brito, estudante de MEEC e diretor do departamento de eletrónica software do PSEM

O circuito de potência corresponde à parte do sistema elétrico que alimenta o motor, sendo essencialmente constituído por 2 baterias em série, por cabos condutores e por um controlador de carga, que controla a gestão da energia das mesmas, regulando a tensão e evitando a sobrecarga durante o carregamento. Por outro lado, a gestão de energia é também necessária para o arranque do veículo, sendo pretendida a aceleração gradual do motor, evitando a utilização da potência máxima logo no início da corrida.

Como é utilizada apenas uma relação de transmissão, não tendo mudanças no motor, os estudantes estimam a velocidade que poderá ser colocada no protótipo e qual a potência ideal para a duração de 1 hora. O protótipo desenvolvido tem a capacidade de atingir os 60 a 70 km/h.

Durante o desenvolvimento do veículo, são realizados vários testes para medir a eficiência dos diferentes componentes eletrónicos.

Temos também a parte de investigação de perceber a eficiência das várias componentes que temos no carro. (...) Temos de saber exatamente quais são as ligações que vêm da PCB do volante para a PCB principal para ligar ao motor, ao loader dos dados e ao GPS.

Miguel Brito, estudante de MEEC e diretor do departamento de eletrónica software do PSEM

A ligação entre software, programação e eletrónica estão fortemente conectadas ao longo de todo o processo. Miguel e Filipe reforçam que a participação no núcleo contribui para o aumento e consolidação dos conhecimentos adquiridos nas unidades curriculares da licenciatura e do mestrado, numa vertente prática, algo que será relevante para o percurso profissional. Os alunos referem, como exemplo, a montagem e soldadura de PCB (Placas de Circuito Impresso), onde são conectadas as diferentes componentes do sistema, algo atualmente utilizadas em diversos tipos de dispositivos, como telemóveis, equipamentos médicos ou em robôs, sendo imprescindível na indústria da eletrónica.

Em conclusão, Filipe Serafim destaca que a integração na equipa permite aos alunos conhecer o trabalho dos diferentes departamentos, tendo contacto com áreas além das componentes em que se focam diretamente. Por outro lado, sublinha ainda a aquisição e a prática de soft skills, em particular de comunicação e de cooperação, através da divulgação do núcleo em eventos como o ElectroDay ou as Jornadas da Engenharia Eletrotécnica e de Computadores.

Sinto que o núcleo tem uma grande componente na questão do trabalho em equipa: ninguém está sozinho e podes sempre pedir ajuda.

Filipe Serafim, estudante de LEEC e membro do departamento de eletrónica do PSEM

Fotografias: PSEM

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