Técnico Solar Boat: uma aposta na tecnologia marítima sustentável

O Técnico Solar Boat (TSB) é um núcleo de estudantes de Técnico que tem como objetivo a construção de embarcações sustentáveis. Todos os anos, os estudantes participam em vários eventos e competições, representando o Técnico, tanto em ambiente nacional como internacional. Em entrevista ao DEEC, Afonso Coelho, Diogo Carvalho e André Carvalho, estudantes de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e membros do departamento de sistemas elétricos do Técnico Solar Boat, deram a conhecer melhor os protótipos e as competições nas quais a equipa participam.
O Técnico Solar Boat é um projeto que tem o intuito de construir embarcações movidas a energias renováveis, dos quais hidrogénio e através de painéis solares. (...). O projeto foi fundado em 2015, desde essa data construímos 6 protótipos; estamos neste momento a construir o 7.º.
Afonso Coelho, estudante de MEEC e diretor do departamento de sistemas elétricos do TSB
Ao longo dos últimos 10 anos, os estudantes tem vindo a desenvolver vários barcos, de 3 tipologias: de condução manual e movido a energia solar, de navegação autónoma, também movido a energia solar, e de condução manual e movido a hidrogénio. No futuro, os estudantes esperam vir a desenvolver um protótipo que reúna as 3 condições: ser autónomo e alimentado com energia solar e hidrogénio.
Estes protótipos participam em eventos, como o REPMUS (Robotic Eexperimentation and Prototyping with Maritime Unmanned Systems), um exercício militar anual da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) do qual Portugal é anfitrião, e que conta com a colaboração da Célula de Inovação e Experimentação Operacional de Sistemas Não Tripulados da Marinha Portuguesa (CEOV), e o Artex (Army Technological Experimentaion), um programa organizado pelo Exército Português o contacto com com outras universidades e empresas.
Já a nível de competições internacionais, os estudantes integram anualmente o NJord - Autonomous Ship Challenge, com o seu barco autónomo, e o Monaco Energy Boat Challenge, com os protótipos de controlo manual.
Njord - Autonomous Ship Challenge
No Njord, na Noruega, o barco autónomo é testado através de várias provas com o objetivo de passar contornando boias, respeitado a correspondência entre a cor da boia e o lado pelo qual deve passar. Neste momento, estas boias são detetadas a uma distância máxima de 10 metros apenas através de uma câmara, instalada no barco, e de sistemas de inteligência artificial. Embora a câmara seja responsável pela identificação da cor da boia, esta curta distância dificulta o rápido desvio de obstáculos, sendo necessário navegar a uma velocidade bastante reduzida. Por este motivo, para antecipar a presença de objetos nas proximidades do barco, os alunos pretendem integrar também sensores LiDAR (Light Detection and Ranging), que, permitirão um scan, que poderá reconhecer objetos com um alcance de, aproximadamente 100 metros, contribuindo para evitar obstáculos e para a atracação correta nas docas. De uma forma simples, André Carvalho, responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de controlo do protótipo SP01, explica: "o LiDAR iria colocar a boia no mapa e a câmara iria identificá-la."
No ano passado, os estudantes alcançaram o 2.º lugar com o SP01 - São Pedro.

Monaco Energy Boat Challenge
Já no Mónaco Energy Challenge, todos os barcos têm condutor. Nesta competição, o objetivo é alcançar o máximo de autonomia com energias renováveis, seja através da utilização de painéis solares, de hidrogénio, de eletricidade ou de outras fontes, contribuindo para uma indústria marítima mais sustentável. O Técnico Solar Boat participa apenas com embarcações movidas a hidrogénio e a energia solar, com as quais ganhou vários prémios nos últimos anos. Em 2020 e em 2022, a equipa venceu o Prémio de Inovação do Monaco Solar and Energy Boat Challenge pelo seu sistema de hidrogénio. No ano passado, a equipa atingiu o 3.º lugar do pódio, na classe solar do Mónaco com a embarcação SR03 - São Rafael. Este ano, os estudantes irão participar com o seu mais recente protótipo, SG01 - São Gabriel.

Tudo o que possamos imaginar, hoje em dia, tem a mão de um engenheiro eletrotécnico, desde carros (...) até barcos, computadores ou telefones.
Afonso Coelho, estudante de MEEC e diretor do departamento de sistemas elétricos do TSB
No Técnico Solar Boat, mais precisamente no departamento de sistemas elétricos, os estudantes são desafiados a desenvolver todos os sistemas de controlo e de navegação do barco, assim como de alimentação, gestão de energia e sistemas auxiliares. Por este motivo, Afonso Coelho realça que os estudantes acabam por ter "a liberdade de experimentar sempre coisas novas", desde o desenvolvimento de baterias à projeção de sistemas eletrónicos.
Pertencer ao TSB permite a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos no curso, onde se "aprende um bocadinho de tudo", refere Afonso, atualmente diretor do departamento de sistemas elétricos do Técnico Solar Boat. Por outro lado, além Diogo Carvalho, estudante de licenciatura e membro do departamento de sistemas elétricos do TSB, compara o funcionamento do núcleo a uma startup: "nós acabamos por ter de gerir muitos dos nossos recursos e acabamos por aprender a fazer coisas diferentes", destaca. Sublinhando o balanço positivo da experiência vivida no TSB, o estudante destaca também o trabalho desenvolvido junto de outros núcleos do Técnico.
Mesmo entre núcleos eu acho que acaba por haver muita entreajuda, o que é muito importante porque ninguém pode saber tudo mas o conhecimento que algumas pessoas vão aprendendo pode ser partilhado com os outro. É sobre isso que é o trabalho.
Diogo Carvalho, estudante de LEEC e membro do departamento de sistemas elétricos do TSB
Fotos: Tecnico Solar Boat