Jornadas do Técnico 2025 - Inteligência Artificial: Impacto na Sociedade

Após a sessão "Inteligência Artificial na Investigação e no Ensino", decorreu o painel "Inteligência Artificial: Impacto na Sociedade", que contou com a participação de José Santos-Victor, docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e investigador no Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), de Susana Vieira e de Joana Campos, docentes no Técnico, e de Andrea Costigliola, líder da Global IT Analytics. A conversa foi moderada por Patrícia Figueiredo, docente do Técnico.

O painel teve início com uma breve apresentação, centrada na sua visão do tema, por parte de cada orador.

José Santos-Victor começou por realçar a crescente presença da inteligência artificial nas diferentes áreas da sociedade, e a existência de inúmeras possibilidades para a sua utilização, algo que tem impacto na investigação, na economia, na empregabilidade, na democracia, e em questões de ética, de literacia, de saúde mental... entre outros.

Eu acho que um dos desafios mais importantes nos próximos anos, ou nestes anos que estão a acontecer, é a interligação muito mais próxima entre a inteligência artificial e a parte física.

José Santos-Victor, docente do DEEC e investigador no ISR

Na vertente de investigação, o professor destacou o desenvolvimento da interação entre os mecanismos de inteligência artificial e o ambiente físico que os rodeiam, fazendo o paralelismo com a evolução biológica, nomeadamente a nível do sistema nervoso, ao longo da história, e abordando a utilização de robôs para a compreensão de o que é ser "humano", através da recolha de dados de comportamento e da tentativa de modelação matemática e computacional do mesmo. Neste sentido, falou um pouco sobre o iCub, um robô humanoide cujo objetivo é replicar o processo de aprendizagem humana até aos 2 anos de idade, contribuindo para o estudo do cérebro das crianças. Por outro lado, os investigadores estão também a estudar a interação entre adultos, de forma a compreender a linguagem não verbal, algo que também poderá ser utilizado pelos robôs.

José Santos-Victor abordou ainda a biologia da aranha-saltadora, que possui sistemas complexos, mas eficientes energeticamente, tanto a nível visual como nervoso.

José Santos-Victor, Miguel Martins, Patricia Figueiredo, Susana Vieira, Andrea Costigliola e Joana Campos da esquerda para a direita respetivamente

No que diz respeito à inclusão na sociedade, o investigador referiu o atual estudo da utilização de robótica e inteligência artificial tanto para terapias destinadas a crianças do espectro do autismo como para a compreensão dos mecanismos de memória do cérebro humano e de problemas cognitivos associados aos mesmos. Por último, apresentou o projeto Reconstructing the Past: Artificial Intelligence and Robotics Meet Cultural Heritage, que pretende cooperar na reconstrução dos frescos de Pompeia, a partir dos respetivos fragmentos, através do recurso a robôs.

Após as apresentações, foram colocadas perguntas, por parte da moderadora e da audiência. Respondendo à pergunta "de que forma será possível estimular o espírito crítico no ensino?", José Santos-Victor destacou a importância de olhar para os diferentes graus académicos, desde o ensino básico, incluindo o papel dos docentes. Reforçou que, aliada à forte mudança nos jovens, que recorrem cada vez mais a ferramentas com inteligência artificial, cresce a necessidade de orientá-los para uma utilização correta. Já em questões de empregabilidade, realçou a importância de apostar na formação dos jovens para o futuro.

Miguel Martins, Patricia Figueiredo, Susana Vieira, Andrea Costigliola, José Santos-Victor e Joana Campos da esquerda para a direita respetivamente

Ao longo do debate, o investigador sublinhou também o facto de, principalmente desde a pandemia, existir uma crescente tendência para a falta de interação humana, que tem vindo a ser substituída, em algumas situações, pela interação com máquinas. Este cenário que levanta questões éticas, com impacto na saúde mental, tornando necessária a reflexão sobre a maior procura de ferramentas de inteligência artificial para apoio psicológico, algo cuja resposta carece de validação profissional.

Em conclusão, que diz respeito ao mercado de trabalho, José Santos-Victor apontou, como benefícios da automação, a redução dos custos e a otimização dos processos de produção, de diversos setores da indústria, como a agricultura, constituindo ainda uma oportunidade para a redução das horas de trabalho, algo que contribui para a melhoria das condições de vida da população.

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