ElectroStars: Miguel Andrade

Nesta edição da rubrica ElectroStars entrevistámos Miguel Andrade, aluno do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores.

Miguel Andrade, estudante do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, venceu a última edição do Prémio de Mérito Cisco, em Arquitetura e Gestão de Redes. Em entrevista ao DEEC, o estudante deu a conhecer um pouco do seu percurso, desde a escolha do curso até ao momento.

Desde cedo, Miguel Andrade, demonstrou interesse na área de ciências e tecnologias: "Eu sabia que queria seguir engenharia porque gostava de matemática e física e química", refere. Quando terminou o ensino secundário decidiu candidatar-se à Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, no Técnico, como primeira opção, devido ao facto de o curso se basear na ligação entre o mundo físico e o digital, incluindo a vertente prática. Destaca que o contacto com as diferentes áreas científicas, ao longo da licenciatura, o fez refletir sobre o papel do engenheiro eletrotécnico e de computadores no desenvolvimento da tecnologia, vendo-o como algo essencial atualmente e com forte impacto no futuro.

Em termos de tecnologia, a engenharia eletrotécnica e de computadores está sempre presente. [Escolher este curso] é uma aposta segura no futuro.

Miguel Andrade, estudante do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Durante a licenciatura integrou o Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (NEEC), inicialmente como colaborador e, mais tarde, como vice-presidente, algo que destaca ter-lhe proporcionado a aquisição de competências como o trabalho em equipa, a gestão de recursos humanos e a comunicação com diferentes tipos de público: "é algo que não se aprende na teoria", refere. Foi responsável pela organização de workshops, onde partilhou, em conjunto com outros membros do núcleo, alguns dos conhecimentos do curso, tanto com estudantes universitários, durante o ano letivo, como com jovens do ensino secundário, através da integração de atividades como o Verão na ULisboa. Participou ainda na gestão de equipas na NEECHathon, uma iniciativa anual promovida pelo núcleo que desafia os estudantes a desenvolver projetos num fim-de semana, e na construção do site de promoção da mesma.

[Com o atletismo aprendi] a querer sempre ir mais longe, passo a passo, e isso espelha-se na vida académica.

Miguel Andrade, estudante do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Além da participação no NEEC, o gosto pelo curso contribuiu também para o seu foco nos estudos, que sublinha ter sido reconhecido através da obtenção de dois diplomas de mérito, em 2022 e 2023, e do diploma de excelência académica do Técnico em 2024.

Já o prémio de mérito Cisco distinguiu o seu trabalho em arquitetura e gestão de redes, uma área pela qual já nutria interesse anteriormente. Nesta unidade curricular os estudantes aprendem como funciona gestão e a manutenção de redes, incluindo a conexão de diferentes dispositivos e alguns dos protocolos de comunicação utilizados. Os alunos são também desafiados a desenvolver projetos, utilizando voice over IP, onde adquirem a capacidade de programar um atendedor automático de chamadas.

Adicionalmente, interesse pelo processo de aprendizagem levou-o também a dar explicações, de matemática e física e química, a estudantes do ensino básico e secundário, algo que reflete o valor dado pelo estudante à passagem de conhecimento entre jovens.

Quando questionado sobre como geriu o tempo, tendo em conta todas estas atividades, realizadas ao longo do curso, e os estudos, Miguel Andrade realça a importância do estabelecimento de objetivos e do planeamento das diferentes atividades, incluindo a prática desportiva.

O que é mais importante é a organização: é ter tudo bem planeado, visualizar os deadlines e nunca deixar as tarefas acumular.

Miguel Andrade, estudante do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Atualmente, inclui no seu planeamento a pratica atletismo. Este ano participou em duas meias-maratonas e numa maratona com fins solidários. "Eu tento nunca abdicar do desporto, acho-o mesmo muito importante; a saúde física está ligada à saúde mental", afirma. Embora tenha tido alguma dificuldade na gestão do tempo no início da licenciatura, devido à adaptação à exigência do ensino universitário, tendo optado por deixar a competição federada, confessa que não conseguiu abdicar totalmente da atividade desportiva. Além de contribuir para o seu bem-estar, proporcionando um melhor foco na aprendizagem, a corrida estimula também a sua capacidade de resiliência, algo que aplica à resolução de problemas da vida académica.

Por outro lado, o percurso no Técnico impulsionou a sua vontade constante de aprender mais, algo que refere ser essencial para o mercado de trabalho. Hoje, é engenheiro na MeterBoost, uma empresa especializada no fabrico de baterias inteligentes. É responsável pelo desenvolvimento de software que permite configurar o comportamento das baterias, possibilitando a atualização e a monitorização do estado das mesmas de forma remota. No futuro, pretende a trabalhar em machine learning, devido à diversidade de possibilidades de aplicação da mesma.

O algoritmo consegue identificar, por exemplo, um tumor ou que genes se estão a expressar no mesmo, algo que pode ser utilizado em terapias.

Miguel Andrade, estudante do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Por este motivo, seguiu o mestrado com especialização em controlo, robótica e inteligência artificial. Está, de momento, a desenvolver o projeto de integração de curso (PIC2), sob a orientação de Catarina Barata, investigadora no Instituto de Sistemas e Robótica (ISR). O seu projeto tem como objetivo prever a expressividade dos genes, presentes em tecidos celulares do corpo humano, através da análise de imagens. Desta forma, são inicialmente apresentadas imagens detalhadas das células, emparelhadas com os respetivos dados, treinando o algoritmo para reconhecer a expressividade dos genes em imagens novas, com recurso a redes neuronais. Este área de investigação visa contribuir para o desenvolvimento de terapias mais personalizadas, otimizando o tratamento de doenças em pacientes diferentes.

No entanto, embora existam várias vantagens na utilização de ferramentas de inteligência artificial, Miguel Andrade destaca a necessidade de se ter em conta também os riscos, nomeadamente a perda da capacidade de pensamento crítico. "Enquanto alunos, é importante não estarmos dependentes da IA para resolvermos os problemas", reforçou, em conclusão à entrevista, convidando os alunos, que atualmente possuem acesso a estas ferramentas, a refletir sobre a sua utilização.

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